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Sobrevivente, cervo caminha desolado em ‘mar cinza’ da vegetação queimada no Pantanal

A imagem foi captada pelo fotógrafo especialista em vida selvagem, Guilherme Giovanni, durante uma viagem entre Corumbá e Miranda. Registro de Guilherme tem u...

Sobrevivente, cervo caminha desolado em ‘mar cinza’ da vegetação queimada no Pantanal
Sobrevivente, cervo caminha desolado em ‘mar cinza’ da vegetação queimada no Pantanal (Foto: Reprodução)

A imagem foi captada pelo fotógrafo especialista em vida selvagem, Guilherme Giovanni, durante uma viagem entre Corumbá e Miranda. Registro de Guilherme tem uma história por trás Guilherme Giovanni/Arquivo Pessoal Um cervo, sobrevivente dos incêndios que já destruíram em 2024, 721,2 mil hectares no Pantanal, sendo 566,5 mil somente em Mato Grosso do Sul, conforme o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais do Departamento de Meteorologia da UFRJ, foi flagrado caminhando desolado em meio ao “mar cinza” da vegetação destruída. O animal, típico da fauna do bioma, se destaca em meio ao cenário de destruição. A imagem foi captada no fim da última semana pelo fotógrafo especialista em vida selvagem, Guilherme Giovanni, durante uma viagem entre Corumbá e Miranda. Ao g1, Guilherme contou que dirigia pela BR-262, quando avistou o cervo atravessar correndo a estrada. “Eu vinha passando por um pedaço que estava com muita fumaça e esse cervo passou correndo na frente do meu carro. Assustado, passou sem nem ver, sorte que eu não estava correndo e não tinha outro veículo no outro lado da pista”, conta o fotógrafo. O fotógrafo tentou ao máximo registrar as imagens do cervo, mas o animal sumiu em meio a fumaça Guilherme Giovanni/Arquivo Pessoal O fotógrafo disse que parou o veículo no acostamento e passou a observar o animal, que andava com trecho coberto por cinzas. “Você vê que é um animal que está assustado, está fugindo do habitat dele e a gente não sabe qual o destino dele”, comenta, completando que após alguns minutos o cervo desapareceu em meio a fumaça. Guilherme conta que depois chegou a avistar outro cervo, que pastava em uma área de vegetação coberta pelas cinzas. Segundo ele, isso demonstra outros problemas da fauna correlacionados as queimadas. O risco da intoxicação pela ingestão de material queimado e o de atropelamento de animais fugindo dos incêndios ou em busca de alimento. “São problemas em cadeia que o fogo traz para a funa na região”, alerta. Pantanal, aos olhos de Guilherme, que está sofrendo queimadas devastadoras Guilherme Giovanni/Arquivo Pessoal Esperança Cervo se aproxima de fotógrafo e se despede dele O fotografo se agarra em uma lembrança positiva para ter esperança na recuperação do bioma após as queimadas. Ele lembra que em 2020, após as queimadas destruírem cerca de 26% do bioma, encontrou outro cervo em situação parecida. "Peguei várias estradas e demarquei alguns pontos críticos para deixar alimentos. Um desses pontos foi especial, no quinto dia que passei havia um cervo parado, observando o que eu colocava (a área estava toda queimada), devagar ele aproximou, talvez por eu estar sentado. Mantive imóvel e ele se alimentou ao meu lado, apenas ia empurrando a comida para mais perto, depois foi embora. Isso se repetiu por semanas, no horário da tarde, ele saia do mato e aproximava. Essa foi a última vez que o encontrei ali, acredito que com as chuvas e sem o fogo ele encontrou refúgio e alimentação”, conta. A fumaça está tomando conta do bioma Guilherme Giovanni/Arquivo Pessoal Pantanal O primeiro semestre de 2024 foi o mais devastador para o Pantanal em toda a série histórica de registros do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Nos primeiros seis meses, 3.538 focos de incêndio consumiram 700 mil hectares no bioma, uma área quase seis vezes maior que a cidade do Rio de Janeiro. O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, disse que algumas áreas do Pantanal poderão ter perdas irreversíveis. “A natureza volta em muitas áreas depois de desastres como esse. [Mas] em alguns lugares a perda é significativa. Em alguns lugares pode ser, inclusive, irreversível. A gente está muito assustado em ver, pelo sexto ano seguido, o Pantanal sem o período de cheias”, declarou o presidente. Atualmente, forças estaduais e federais e trabalhadores de ONGs atuam no combate aos incêndios no Pantanal. Marinha, Exército, Corpo de Bombeiros, brigadistas voluntários, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e outros combatentes estão em atuação contra às chamas. *Estagiária sob supervisão de Anderson Viegas Veja vídeos de Mato Grosso do Sul: